O que São Alimentos Ultra-Processados?

Muito já foi escrito sobre a alimentação saudável com vista a satisfazer as necessidades estéticas ou contribuir com o planeta, e o consumo de alimentos orgânicos tornou-se moda. No entanto, é preocupante que não se leve a sério o impacto dos alimentos que são produzidos industrialmente usando grandes quantidades de substâncias artificiais e substituindo ingredientes naturais, os quais têm sido denominados como alimentos ultra-processados.

O que foi dito anteriormente sobre a substituição de ingredientes naturais por outros artificiais poderia levar à ideia de que os alimentos ultra-processados seriam uma espécie de pedaços de plástico com sabor, ou algo que facilmente poderia ser descartado, mas, na verdade, a cada dia são mais os alimentos ultra-processados que são incorporados ao mercado, e ao consumo de massa. Graças às campanhas publicitárias que os oferecem através do uso de mensagens destinadas a fazer com que o público acredite que o que vão consumir tem realmente um valor nutricional.

Alimentos Ultra-Processados e seus Perigos para a Saúde

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Impacto Negativo Dos Alimentos Ultra-Processados

Para entender um pouco melhor o impacto negativo desses alimentos, é importante se referir ao sistema de classificação NOVA desenvolvido por pesquisadores da Universidade Brasileira de São Paulo, tomando como referência o maior ou menor grau de processamento que sofrem os alimentos.

Sem tentar aprofundar muito no assunto da escala, mas dando um pouco de luz sobre o assunto em questão, o grupo 1 seria composto pelos alimentos absolutamente naturais, ou seja, aqueles que podem ser consumidos com a total segurança de que não não contém nenhum conservante ou aditivo e não foram processados, ou se foram processados foi em pouca medida, por exemplo, um vegetal congelado; por outro lado, no grupo 2 seriam encontrados aqueles alimentos que servem em combinação com os anteriores para os processos de cozimento. Tais como óleos, sal e açúcar, entre outros; no caso do grupo 3, trata-se de alimentos processados como queijos amadurecidos ou amêndoas salgadas; e o grupo 4 é aquele que corresponde aos alimentos ultra-processados que são vendidos como "prontos" para serem consumidos e incorporam conservantes, emulsionantes, potenciadores de sabor e outras substâncias sintéticas para diferir sua data de validade.

Para tornar mais ilustrativa a explicação, pode-se dizer que neste quarto grupo de alimentos entram as bebidas energéticas, os refrigerantes, os populares “lanches” com sabor queijo (que apenas contêm sabores artificiais), os biscoitos comerciais, os diversos alimentos preparados para micro-ondas, entre outros.

O que distingue os alimentos dos grupos 3 e 4 é que os segundos são produzidos com ingredientes que tentam imitar o sabor e as propriedades dos alimentos não processados e sob procedimentos que apenas são usados a nível industrial (ninguém colocaria "agentes estabilizadores” em uma refeição caseira realizada em um domingo à tarde) e é precisamente a presença desses ingredientes industriais que representam o maior risco de danos irreversíveis para a saúde dos consumidores.

Recomendações diante dos Alimentos Ultra-Processados

O perigo que advertem os especialistas a respeito do consumo desses alimentos é que, por um lado, têm sido vendidos como produtos atraentes para a população mais susceptível, como são as crianças e os adolescentes, que vão crescendo com a ideia de que o consumo dos alimentos ultra-processados é parte da modernidade. Graças ao constante bombardeio nos meios de comunicação que transmitem as mensagens de "pronto" para aquecer, fritar, consumir, etc.; ou como aqueles que vendem a ideia de que tal produto é tão "natural" como as frutas que apenas estão presentes em seus sabores artificiais.

Tal confusão gera esses produtos entre os consumidores, que um pai de família pode comprar um cereal ultra-processado que está carregado de corantes, açúcares e saborizantes porque a embalagem diz que contém "vitaminas e minerais". Mas isso não é mais do que um engano de publicidade, pois o mais provável é que o fornecimento de de tais "vitaminas" não seja tão significativo como o dano que pode ocasionar aos seus filhos o consumo de tais quantidades de aditivos químicos.

Nesse sentido, deve ser tomado um maior grau de consciência sobre o consumo desses alimentos, devido ao aumento vertiginoso da incidência de doenças como a obesidade mórbida e diabetes, originadas pelos maus hábitos alimentares, que podem ser evitados se forem adotadas medidas apropriadas para erradicar o consumo de alimentos ultra-processados.

A primeira barreira que deve ser superada é a cultural, porque a publicidade tem imposto conceitos errôneos que ao longo dos anos foram adotados como se fossem dogmas de fé. Por exemplo, costuma-se dizer que o leite contém cálcio. Portanto, qualquer produto que contenha leite forneceria cálcio; dito dessa maneira, parece absurdo, mas você pode ver comerciais de iogurtes altamente processados e carregados de sabores artificiais e conservantes que saem para o mercado e são vendidos como se realmente tivessem um alto conteúdo nutricional.

Por tudo o que foi mencionado anteriormente, resulta de vital importância documentar as alternativas mais saudáveis para substituir os alimentos ultra-processados, pois também existe outra ideia falsa que foi vendida, inclusive em alguns desenhos animados, onde se demoniza alguns alimentos naturais com alto valor nutricional e bom sabor como brócolis, e essa mensagem deve não apenas ser desmentida, mas substituída pela realidade.